quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Teatro Físico


A minha formação teatral incidiu sobretudo no designado physical theater, nos primeiros anos de teatro procurávamos um corpo e uma voz sem limites. O nosso laboratório de trabalho era focado na disciplina, no rigor e no "trabalho em cima do cansaço". "Após ultrapassar o limite do cansaço corporal, começa a criatividade". Hoje comparo-o com o que se faz no circo: um conjunto de artistas comungando no mesmo local e um conjunto de animais aprisionados ao trabalho de cativeiro. Tenho muito orgulho de ter passado por esta experiência pois deu-me oportunidade de desenvolver o meu próprio método e esquema de trabalho e, ao mesmo tempo, vontade de experimentar outras lógicas de desempenho teatral.
No laboratório experimental, deambulávamos pelas artes marciais e pelos métodos orientais, pela dança contemporânea e pelas danças barrocas, pelo arcaico e pelo reciclável. A nossa imaginação leváva-nos a fazer um shake de tudo aquilo, o que resultava num trabalho poético, no domínio do onírico.
Ao contrário, na escola de teatro aprende-se receitas. Quando eu cursei a faculdade, já havia criado uma rotina de trabalho. Já encarava monólogos, apesar de ainda hoje ter medo da solidão do monólogo.
Hoje acredito num equilíbrio. No processo de criação tem de haver rigor, profissionalismo e espaço para parar tudo e mergulhar no desempenho segundo as regras que o próprio dita. O trabalho com diretores diferentes aproxima-nos de uma verdade, a arte da actuação é só uma.

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