De dia as leituras são sempre "Desastre" na Folha, essas tragédias do dia que nos deixam de rastos, impotentes. Tragédia após tragédia, nos valham as leituras noturnas, um pouco de caridade e compaixão pelos que ficam. Alguma vontade nossa em mudar nossos hábitos e egoismos. Podemos sempre mudar alguma coisa se tivermos grandeza de espírito suficiente.
De noite e no escuro, assolados por uma certa paz fictícia, podemos ler de tudo e esquecer o dia. Por isso é que os poetas, os góticos e os gatos pardos sempre preferiram a noite, por ser mais longa, por ser escura, por ofuscar o que o pensamento não quer ver.
Entre as coisas mais bizarras que vou lendo e levando na retina ao longo do dia, passo a vista por anúncios, publicidade, imagens, fotos, cores. As pernas doem de tanto andar de um lado para o outro, sempre algo a fazer de pé. Do que vou lendo, quero ver nisso a solução, o que possa resolver, como se fosse um prenúncio de algo, um insólito e assim vai.
À noite consigo ler Assim falava Zaratustra que é sem dúvida uma incógnita quando fala da mulher. Góticos já riam ao notar que ele "falava" num passado, numa tradução portuguesa antiquada como o próprio gótico. Conjugado assim num pretérito imperfeito e como a opinião do velho Zaratustra. Lendo também "A linguagem é um apartamento alugado" de um tal de Zozimo sobre Roland Barthes, aquele que escreve sobre retórica e amor. Um tônico para amantes e desamantes...Ainda lendo uma Elle de 1954 e tomando um Whisky 10 anos para relaxar. Não gosto de Whisky nem leio a Elle. Seria perfeito mas não é real, o real é outro. E continuo a ser também antiquada (nunca gótica) em certas questões mas isso rende um novo post posterior a este. Sempre entre linhas, o que é trágico.